O Conceito de ‘Self’ em Persona 5: Máscaras Sociais e a Busca pela Autenticidade

A série Persona sempre explorou temas psicológicos e filosóficos profundos, mas Persona 5 leva essa abordagem a um novo patamar ao utilizar a metáfora das máscaras como um símbolo central da identidade. O jogo nos convida a refletir sobre o conceito de “self” — ou seja, a construção da identidade — e como as pressões sociais moldam a forma como nos apresentamos ao mundo.

Neste artigo, analisamos como Persona 5 representa a dualidade entre identidade pública e privada e a luta pela autenticidade em meio às expectativas da sociedade.


1. O Conceito de Máscaras: A Psicologia de Jung e Persona 5

O título Persona vem diretamente da psicologia analítica de Carl Jung, que definiu “persona” como a máscara que usamos para interagir com o mundo.

Em Persona 5, os protagonistas literalmente usam máscaras como representação de seus “verdadeiros eus” reprimidos pela sociedade. O jogo sugere que, ao remover essas máscaras impostas, os personagens podem libertar seu verdadeiro potencial.

Essa metáfora é refletida nas mecânicas do jogo: ao “despertar” sua Persona, o personagem quebra a máscara física e assume o controle de sua identidade oculta. Esse processo simboliza a aceitação do self autêntico e a recusa em se conformar com as expectativas externas.


2. Sociedade e a Construção do Self: Opressão e Repressão

Persona 5 critica duramente as estruturas sociais que reprimem o indivíduo e forçam as pessoas a se conformarem com papéis pré-determinados. O jogo retrata figuras de autoridade corruptas — como o professor abusivo Kamoshida e o político manipulador Masayoshi Shido — como exemplos de um sistema que impede a liberdade de expressão e o crescimento pessoal.

Cada membro dos Phantom Thieves tem sua própria luta com a identidade, sendo forçado a esconder quem realmente é para se encaixar ou sobreviver. Ryuji é rotulado como delinquente, Ann sofre objetificação, e Futaba vive isolada devido à ansiedade social. Suas jornadas refletem a busca pela autenticidade em um mundo que constantemente os pressiona a se encaixar em rótulos.


3. O Palácio Cognitivo: O Inconsciente Coletivo em Jogo

Outro conceito junguiano presente no jogo é o de inconsciente coletivo, que em Persona 5 se manifesta nos “Palácios Cognitivos” — representações distorcidas da psique de figuras poderosas.

Os antagonistas do jogo vivem em realidades construídas por suas próprias ilusões, onde se veem como deuses, reis ou líderes absolutos. Isso reforça a ideia de que a identidade pode ser manipulada e distorcida por crenças equivocadas, especialmente quando alimentadas pelo poder e pela autoindulgência.

O papel dos Phantom Thieves é justamente “despertar” essas pessoas, forçando-as a confrontar suas sombras e enxergar a realidade.


4. O Protagonista e a Escolha Entre Máscaras e Autenticidade

O protagonista de Persona 5 é um personagem silencioso, mas suas escolhas ao longo do jogo moldam sua identidade. Ele é constantemente obrigado a se adaptar, jogando o papel de estudante exemplar de dia e líder dos Phantom Thieves à noite.

Esse conflito reflete a dualidade que todos enfrentamos: o contraste entre quem somos em público e quem somos em particular. A mensagem do jogo é clara: a verdadeira liberdade vem da aceitação do self autêntico, e não da submissão às expectativas externas.


Conclusão

Persona 5 utiliza sua mecânica, narrativa e simbolismo para construir uma reflexão poderosa sobre identidade e autenticidade. As máscaras não são apenas adereços estilísticos, mas sim representações das barreiras que cada indivíduo enfrenta ao buscar seu verdadeiro eu.

O jogo nos lembra que a jornada para a autenticidade não é fácil, mas necessária para encontrar significado e liberdade.

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