A Representatividade Feminina nos Games: O Que Ainda Precisa Melhorar?

A indústria dos games passou por muitas transformações nas últimas décadas — tanto tecnológicas quanto narrativas. Um dos debates mais relevantes que vem ganhando espaço é sobre a representatividade feminina nos jogos. De personagens como Lara Croft a Ellie, de The Last of Us, muita coisa mudou. Mas… será que já é o suficiente?

Neste artigo, vamos analisar como as mulheres são retratadas nos games, os avanços obtidos até agora e os desafios que ainda precisam ser superados. Tudo isso com um olhar filosófico e psicológico sobre a construção de personagens femininas no universo gamer. 🎯


👾 As Primeiras Heroínas: Entre Estereótipos e Inovação

Durante muitos anos, as mulheres nos games foram colocadas em papéis secundários, muitas vezes como donzelas em perigo — o exemplo clássico é Princesa Peach em Super Mario Bros. Elas estavam ali para serem salvas, não para serem protagonistas.

Quando surgiam como personagens jogáveis, muitas vezes o foco era em sua hipersexualização. É o caso da primeira versão da Lara Croft, de Tomb Raider, nos anos 90: uma aventureira forte e inteligente, sim, mas com um design claramente voltado para agradar o olhar masculino. Seu corpo era irreal, sua roupa minúscula — o marketing era centrado em sua aparência, não em sua profundidade como personagem.

🧠 Esse tipo de construção reforça o que a psicologia chama de “objetificação sexual”, um fenômeno onde o valor da mulher é reduzido à sua aparência, impactando diretamente na forma como jogadoras (e jogadores) percebem o papel feminino nos jogos.


🎭 A Evolução das Personagens Femininas

Com o passar dos anos, novos jogos começaram a trazer protagonistas femininas com profundidade emocional e narrativa. Entre os exemplos mais notáveis, temos:

  • Ellie, de The Last of Us: uma jovem com personalidade complexa, marcada por traumas, medos e relações afetivas reais.
  • Aloy, de Horizon Zero Dawn: protagonista forte, inteligente, empática e estrategista, sem cair em estereótipos.
  • Ciri, de The Witcher 3: uma guerreira com motivações próprias, que foge do papel de coadjuvante.

Essas personagens mostram que é possível construir mulheres fortes sem cair em clichês, algo que a filosofia existencialista valorizaria ao tratar do indivíduo como único e capaz de escolhas e transformações.


📊 O Que Ainda Falta?

Apesar dos avanços, ainda existem muitos pontos que precisam ser melhorados:

1. Mais Diversidade nos Corpos e Aparências

A maioria das personagens femininas ainda segue um padrão de beleza específico: jovens, magras e dentro dos padrões eurocêntricos. Onde estão as mulheres negras, gordas, idosas, com deficiência?

A representatividade real só acontece quando todas as formas de existir são contempladas.

2. Mulheres no Desenvolvimento de Jogos

Não basta apenas colocar personagens femininas nos games — é necessário que mais mulheres estejam nos bastidores: roteiristas, designers, programadoras e diretoras criativas. É aí que surgem histórias autênticas, que realmente representam o feminino em sua complexidade.

3. Combate ao Machismo no Meio Gamer

Ainda hoje, muitas jogadoras enfrentam assédio, preconceito e subestimação ao jogarem online ou se exporem como gamers. Criar ambientes mais seguros, inclusivos e acolhedores é uma urgência.


🧠 Representatividade e Psicologia: Por Que Isso Importa?

A forma como personagens femininas são retratadas impacta diretamente a autoestima e a percepção de identidade das jogadoras. Representação importa porque nos mostra possibilidades de quem podemos ser.

A filósofa feminista Simone de Beauvoir dizia que “não se nasce mulher, torna-se mulher”. Isso significa que a identidade feminina é construída socialmente — inclusive através da mídia. Games que reforçam estereótipos ajudam a manter visões distorcidas do feminino, enquanto personagens bem construídas ampliam horizontes.


📚 Representatividade Também É Filosofia

Na filosofia, o conceito de “alteridade” (o reconhecimento do outro como diferente de si) é fundamental para pensar representatividade. Quando jogos só apresentam protagonistas masculinos e mulheres como acessórios, eles ignoram a alteridade e reforçam uma visão única e limitada do mundo.

Ao incluir personagens femininas complexas, os jogos criam narrativas mais ricas, profundas e humanas — e isso beneficia todo mundo, não apenas as mulheres.


🎯 Conclusão: Ainda Há Muito Caminho a Percorrer

Já evoluímos bastante desde os tempos da Peach ou da Lara Croft dos anos 90. Mas a jornada pela representatividade feminina real ainda está longe de acabar.

Precisamos de mais diversidade, mais protagonismo, mais mulheres criando histórias. E acima de tudo: precisamos continuar questionando e discutindo esses temas com seriedade — como estamos fazendo aqui.


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