Chainsaw Man: Liberdade ou Loucura?

Sangue, caos e existencialismo

Chainsaw Man, de Tatsuki Fujimoto, é um dos mangás mais impactantes da última década. Violento, insano, frenético — mas também brutalmente humano. Em meio à carnificina, ao humor ácido e ao grotesco, existe uma camada filosófica profunda: o que significa ser livre em um mundo sem sentido?

Denji, Power, Aki, Makima, Reze… cada personagem é uma peça de uma engrenagem emocional quebrada. E talvez seja essa imperfeição que os torne tão reais.

Neste artigo, vamos mergulhar na psique dos personagens e explorar como Chainsaw Man é, na verdade, um estudo sobre a liberdade, a loucura e o desejo de sentido em um mundo absurdo.


🧠 Denji: O Herói Niilista

Denji não é um herói tradicional. Ele não quer “salvar o mundo” nem se tornar um símbolo de justiça. Ele quer… comer pão com geleia, dormir em uma cama decente, apalpar peitos e ter alguém que se importe com ele.

Esse desejo simples é profundamente trágico. Denji cresceu em extrema pobreza, sem afeto, endividado por um pai abusivo e forçado a trabalhar para a yakuza. Ele não tem grandes sonhos, porque foi ensinado a sobreviver — não a viver.

Quando ele ganha uma nova chance ao se fundir com Pochita e se tornar o Chainsaw Man, sua jornada não é heroica: é uma tentativa desesperada de dar sentido à própria existência.

E aqui mora o primeiro ponto filosófico do mangá:

“Será que a liberdade absoluta, sem propósito, leva à felicidade — ou à loucura?”


😈 A Liberdade e o Contrato com os Demônios

Em Chainsaw Man, os demônios se alimentam dos medos humanos. E os humanos fazem contratos com eles, sacrificando partes de si mesmos por poder.

Esse sistema é uma alegoria brutal sobre o preço da liberdade.
A cada troca, os personagens abrem mão de algo íntimo: tempo de vida, memórias, emoções… para alcançar algum controle sobre suas vidas.

A pergunta é: o que você estaria disposto a sacrificar para ser livre?
E quando você finalmente for livre, será que ainda vai se reconhecer?


👁️ Makima: O Controle Disfarçado de Amor

Makima é, talvez, o personagem mais perturbador da obra. Em nome do “bem maior”, ela manipula, mente, controla, mata — e diz que tudo isso é por amor.

Mas o amor que Makima oferece é o oposto da liberdade. Ela representa o desejo de controle absoluto, de dominação psicológica. Sua obsessão por Denji está ligada ao desejo de criar um “cachorrinho humano”, uma entidade obediente, domesticada.

Para Denji, que buscava afeto a qualquer custo, Makima representa o ponto onde a busca por pertencimento se transforma em escravidão emocional.

Ao ser dominado por ela, Denji perde o pouco de humanidade que tinha conquistado. Ao matá-la, ele não apenas se liberta — ele escolhe a solidão ao invés da submissão.


🧨 Power, Aki e o Trauma como Motor

A insanidade em Chainsaw Man não vem apenas dos monstros — ela vem das pessoas.
Cada personagem é um campo de batalha psicológico:

  • Power é uma demônio do sangue com ego inflado e comportamento infantil, mas esconde um trauma profundo de perda, especialmente após se apegar a Meowy.
  • Aki é o estoico que vive apenas para a vingança, e aos poucos vai sendo corroído pela dor de ver todos que ama morrerem ao seu redor.

O trauma, em todos os casos, não é tratado como algo a ser superado com força de vontade. Em vez disso, ele é um buraco que nunca se fecha, que molda os contratos, as decisões e até o destino dos personagens.

Fujimoto parece dizer:

“Não há superação fácil. O que existe é caminhar mesmo com os pedaços quebrados.”


🌪️ O Mundo Absurdo: Um Universo Sem Lógica

O universo de Chainsaw Man não tem lógica tradicional. Coisas absurdas acontecem o tempo todo. Personagens morrem sem aviso. Cenas mudam de tom bruscamente. O humor e o horror se entrelaçam como se fossem faces da mesma moeda.

Essa escolha estética não é por acaso. Ela espelha a filosofia do absurdo, como defendida por Albert Camus:

“O absurdo nasce do confronto entre o apelo humano e o silêncio irracional do mundo.”

Denji quer sentido. Quer amor. Quer um propósito. Mas o mundo responde com caos, violência e indiferença.

E ainda assim… ele continua.


💡 Liberdade sem Sentido = Loucura?

A liberdade é exaltada em muitas narrativas como o bem supremo. Mas Chainsaw Man questiona isso.
Se você é livre para fazer o que quiser, mas o mundo não tem sentido, o que acontece?

  • Você pode se perder em prazeres vazios.
  • Pode se tornar insensível.
  • Ou pode simplesmente enlouquecer.

Denji flerta com os três. Ele consegue tudo que queria (comida, cama, mulher), mas se sente vazio. Ele começa a questionar:
“Se nada importa, por que continuar vivendo?”

Mas no final, ele encontra uma nova motivação: Cuidar de Nayuta.
Não é heroísmo clássico. É afeto. É responsabilidade. É um pequeno gesto contra o absurdo.


🔥 O Herói Interior: Enlouquecer para se encontrar?

Na subcategoria “O Herói Interior”, Chainsaw Man brilha por mostrar que o verdadeiro herói não é aquele que vence os outros, mas aquele que vence a si mesmo — ou, ao menos, convive com seus demônios.

Denji não é nobre. Não é altruísta. Mas ele escolhe continuar.
E às vezes, isso já é mais do que o suficiente.


✂️ Conclusão: O Caos como Caminho

Chainsaw Man é violento. Grotesco. Insano. Mas por trás do caos, há uma mensagem poderosa:

“Você pode estar quebrado, perdido, manipulado, cheio de traumas… mas ainda assim pode encontrar uma faísca de sentido. Nem que seja numa amiga demônio, num cachorro-motosserra ou em uma irmãzinha.”

A liberdade, nesse universo, não é a ausência de limites — mas a escolha de ser humano, mesmo quando tudo ao seu redor grita para que você enlouqueça.


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